Médica já retornou ao trabalho na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Morrinhos

Uma das principais recomendações das autoridades de saúde na luta contra o novo coronavírus é o isolamento social. “Sem isolamento vamos chegar em um ponto em que os leitos de UTI não serão suficientes para todos, pois em uma explosão de casos graves vamos ter que escolher quem terá acesso”.

A afirmação é de uma pediatra de Guarujá, de 55 anos, que já está recuperada da Covid-19. Ela atua na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Morrinhos, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do Hospital Santo Amaro (HSA) e, ainda, em um hospital na capital. Para ela, o isolamento social é fundamental para que todos não fiquem doentes ao mesmo tempo. “Isso pode gerar um colapso nos leitos hospitalares e iremos perder muitas vidas”.

A profissional teve os primeiros sintomas da Covid-19 em 12 de abril. Apresentava perda do olfato e paladar, diarreia e fraqueza. “Fiquei internada durante sete dias na enfermaria, não precisei ir para UTI. Foi um período difícil de solidão e medo”, conta a médica, que se manteve isolada em um quarto, impedida de receber visitas.

Com 24 anos trabalhando na rede municipal, ela define esse período da Covid-19, não só pelo afastamento do trabalho, mas também dos seus familiares e amigos. Ela mora com dois sobrinhos e só teve contato com eles por telefone. “Não sabia se estaria bem no dia seguinte”.

Durante o período em que esteve doente, recebia telefonemas constantes da Secretaria da Saúde, sobre a evolução da Covid-19. Porém, o alívio só veio quando pôde retornar ao trabalho. “Fui recebida com muita alegria, com uma recepção dos amigos e envolta em muito carinho”.

A médica comenta ainda que, como profissional de saúde, e principalmente por ter contato com casos suspeitos em UTI, já imaginava que poderia adquirir a doença. “Mesmo tomando todas as precauções como uso de equipamentos de proteção individual e assepsia”.

Ela lembra que já perdeu colegas para o novo coronavírus, sendo que muitos tiveram momentos difíceis em UTI. “Alguns, inclusive, com necessidade de ventilação mecânica, tendo risco de morte iminente. Muito triste”. E complementa: “A mensagem é uma só: quem puder que fique em casa”.