Iniciativa trata condição que acomete uma a cada mil crianças da Cidade, por meio do CRPI

Foi após nascer, que Pedro de Souza recebeu o diagnóstico de pé torto congênito, condição lembrada no dia 3 de junho – Dia Mundial de Conscientização do Pé Torto Congênito. Atualmente, com oito meses de idade, o pequeno evolui para a recuperação, por causa do tratamento feito com órteses gratuitas fornecidas pela Prefeitura de Guarujá, a partir de convênio entre a Secretaria Municipal de Saúde e o Centro de Recuperação de Paralisia Infantil e Cerebral de Guarujá (CRPI), que possui o serviço pioneiro no Brasil.

A má-formação acomete uma criança a cada mil nascidas em Guarujá, podendo acarretar sérios problemas de saúde. Por ser pouco comum, pode gerar dúvidas aos pais. Este foi o caso da autônoma Noemi de Souza, mãe de Pedro. “Questionava se foi pelo jeito que ele foi formado, ou pelo esforço que fiz durante a gestação”. Com o tratamento e as orientações dos profissionais do CRPI, o pequeno pode desenvolver normalmente e “dar seus primeiros passos sem mais complicações”.

Mesmo que possa ser tratado, o ‘pé torto’ precisa ser acompanhado desde cedo. É o que explica Rafael Batalha, ortopedista da Instituição. “O ideal é tratar logo que nasce. Afinal, quanto mais tarde for iniciado o acompanhamento, mais difícil a reversão do quadro, já que o corpo já está em desenvolvimento, além da resistência da criança”, explica.

Esse foi o caso da pequena Betina de Paula que, após tratamentos sem efeito, foi encaminhada ao CRPI, onde passou a receber o acompanhamento com as órteses, a chamada ‘botinha’, aos dois anos de idade. “Viemos para cá atrás de atendimento depois de tentar em outros lugares, sem nenhum resultado. Todo o apoio que recebemos aqui é perfeito”, contou a auxiliar de enfermagem Ana Carolina de Paula, mãe de Betina.

Serviço está disponível no SUS

Com o objetivo de tornar o tratamento acessível a toda à população, o CRPI, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), oferece órteses completamente gratuitas, iniciativa pioneira no País. Podendo ser trocadas diversas vezes durante o acompanhamento, devido ao crescimento da criança, as ‘botinhas’ podem chegar a custar de R$ 500,00 a R$ 2 mil cada, tornando a recuperação inacessível em muitos casos.

“Hoje em dia é bem difícil conseguir um suporte tão bom assim, de graça. É muito gratificante ver ela se desenvolvendo depois de tanta luta”, completou Ana Carolina de Paula, aliviada.

O Projeto, iniciado no segundo semestre de 2023, acompanha, atualmente, 11 pacientes, com seis órteses entregues em uso. Diagnosticadas, as crianças são encaminhadas ao CRPI pela rede municipal de saúde, para inserção no processo de tratamento.

O recurso terapêutico segue o método Ponseti, sendo iniciado por meio de trocas de gessos semanais a fim de retificar as deformidades, sendo, por vezes, necessária a realização de micro cirurgia. A última fase consiste no uso das órteses, até os quatro anos de idade.

O acompanhamento segue até o final do crescimento, quando ocorre a formação completa do esqueleto. Ainda segundo Batalha, o uso das ‘botinhas’ é fundamental para corrigir o pé, caso contrário, a criança pode apresentar uma “recidiva, que é quando a doença retorna”.